Martim, o liberto!
Perguntei ao meu filho mais velho: Para você, o que é liberdade? Respondeu-me: Poder ser o que sou! Isto me levou a refletir sobre o papel de pais e mães, Educadores e Educadoras Cristãs. Que conceito de liberdade temos ensinado, vivenciado e aprendido em nossas famílias, escolas e Comunidades? Podemos ser? Deixamos ser? Incentivamos a ser ou entramos na lógica de que ter é mais importante que ser? Ter o celular de última geração, ter o corpo mais bonito, ter a roupa da moda, ter, ter, ter...
O nosso tempo é marcado pela liberdade: de opinião, expressão, opção religiosa e isso é muito bom. Ao mesmo tempo, contraditoriamente, crianças, adolescentes e jovens são bombardeados diariamente com imagens, sons e exemplos que escravizam. São referências que chegam pela Internet, pelas Redes Sociais, pela televisão. Também cresce o número de músicas com letras que discriminam, ofendem e fazem apologia às drogas, à violência, ao descuido com o corpo e com a vida.
Então, que liberdade é esta? Martim Lutero, a partir da sua reflexão sobre a eleutheria, redescobriu o sentido de liberdade e passou a assinar o seu sobrenome como Luther. Sentindo-se liberto por graça e fé, Lutero assumiu a liberdade no próprio nome! Em seu livro De Luder a Lutero – uma biografia, o Historiador Martim Dreher destaca: ‘Assim como Cristo fez tudo de graça, assim o ser humano deve ter liberdade, alegria e agir de graça em relação ao próximo. Isto é vida cristã!’.
Como herdeiros e herdeiras da Reforma, temos o desafio de educar para a liberdade que nos permite ser o que somos. Somos motivados e motivadas a viver uma vida cristã que age de graça em relação aos irmãos e às irmãs, que, muitas vezes, buscam ser e sofrem por não ter.
Podemos ser livres, mesmo que, à nossa volta, tantas pessoas não possam? Como filhos e filhas de Deus, nascemos para ser livres. Somos livres na medida em que amamos a Deus e as outras pessoas. Isso nos liberta do amor egoísta, que só quer o próprio bem. Quando Lutero compreendeu que, por graça e fé, Cristo nos libertou, isso mudou a sua vida, tanto que mudou o próprio nome. Em uma tradução livre, poderíamos chamá-lo de Martim, o liberto!
Que, em nossas famílias, Comunidades, escolas e instituições, possamos ensinar e viver essa liberdade que nos faz Ana, a liberta!, João, o liberto! Que liberdade seja traduzida em atitudes de respeito, tolerância, compreensão e alegria. Poder ser o que sou é um grande desafio, mas, também, uma grande oportunidade de viver a liberdade para a qual Cristo nos libertou (Gl 5.13)!
Cat. Valéria Franz Bock | Psicopedagoga Clínica, é Coordenadora Pedagógica na EST - ESEP (Escola Sinodal de Educação Profissional)